sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

um poema

dentro de um porta-retrato, um poema,
debaixo de um computador, de um celular,
dentro de uma cuia de chimarrão, um poema.
numa conversa com amigos,
tomando um vinho, uma cerva, um cachorrito,
versos e mais versos.
na hora da angústia, no momento da alegria,
na dor, na dúvida, na falsa certeza,
há odisseias e lusíadas,
há poemas luzidios, reluzentes,
há curas e sessões de análise.
dentro de um poema há vários poemas,
o meu escrito, o seu reescrito na leitura,
o nosso que se dá no encontro,
no desarmar da armadura...
no disjuntor desarmado
depois de um pico de energia.

Igor Ravasco