De toda as prisões que eu conheci,
O soneto, pra mim, foi a melhor.
Eu cercado de versos ao redor,
Rodeado de versos que escrevi.
Pelas grades, o voo de um colibri
traz a musa, num som que eu sei de cor,
E a tristeza afinada em ré menor
Na partitura de onde não parti.
Só que a prisão agora não consola,
Sou pássaro liberto da gaiola,
Seguindo esse caminho só de ida.
Mas na dúvida atroz de todo o incerto,
Às vezes eu me esqueço ser liberto,
E escrevo no prazer da recaída.
I.R.