domingo, 21 de junho de 2015

a distância do amor

Foto: Igor Ravasco

A pergunta já tinha aparecido em um livro que seu avô, meu pai, lhe dera. Mas nesse dia saiu de sua boca com endereço certo, meus ouvidos. "Papai, você me ama?" A resposta foi imediata, "Amo, meu filho, claro que amo." Mas aquela não era a última pergunta... "Papai, quanto você me ama?" Resposta tão imediata quanto a primeira: "Muito." Mas ele queria medir, queria algo mais concreto que um "Muito" e me perguntou... "Papai você me ama até onde?" Aí a resposta não foi imediata. Parei, pensei, e disse que não podia dar essa resposta que isso não se media assim. Mas ele insistiu, talvez esperando que dissesse daqui à Lua, como no livro que o avô lhe deu, ou daqui a Saturno. E aí a resposta foi clara. Eu me aproximei dele e lhe disse, "Meu filho, nem até a Lua, muito menos daqui até Saturno." E botando a mão no meu peito, no lado do coração, disse, "Meu amor vai do meu coração até o seu", tocando o dele. E sorrimos, por saber que a distância sempre será essa.

I.R.