nem a foto de uma praia
nem a de uma montanha...
nenhum suposto lugar paradisíaco
onde a regra seja o ócio e o relax
podem representar o prazer
de uns bons dias de descanso.
I.R.
sábado, 30 de março de 2013
quinta-feira, 28 de março de 2013
egoísmos
Foto: Cesare Salvadeo
egoísta não é só aquele que se isola,
ocupando um banco apenas para si.
egoístas também podem ser aqueles que,
mesmo dividindo um banco,
não compartilham entre si
nem ao menos um olhar.
I.R.
terça-feira, 26 de março de 2013
perguntas
Foto: Adriana Cochrane Rao
uma pergunta não é só
até onde queremos olhar,
mas até onde,
depois de olharmos,
ou mesmo sem ver nada,
nós queremos ir.
outra pergunta é
se sabemos para onde ir,
se traçamos uma rota,
consultamos um mapa
ou se não fazemos ideia,
mas para olhar criamos coragem.
depois de olhar...
antes de olhar...
até onde queremos ver?
até onde queremos ir?
queremos ir?
I.R.
segunda-feira, 25 de março de 2013
atenção!
Foto: Simão Salomão
esta caixa pode conter produtos menores
dentro de produtos maiores,
e sobre esta caixa pode haver pessoas sujas,
menores e descartáveis,
jogadas fora,
para que senhores lavados com
sabonetes artesanais exóticos,
maiores, maiorais e importantes,
continuem limpando suas mãos
às custas da sujeira de seu semelhante.
verifique no ato de conferência
por onde anda a sua consciência.
I.R.
domingo, 24 de março de 2013
depende do banco
Foto: Roque Labanca Filho
quando delego uma decisão,
eu me sento no banco do carona
e me sinto anestesiado,
mas tão anestesiado
que decidem por mim,
e minha autonomia está presa
por um cinto de segurança.
quando assumo uma decisão,
eu pego no volante,
acelero, freio,
e estou tão ligado em minhas decisões,
nas curvas que faço,
na mudança de marcha,
que marcho consciente dos riscos,
mas me arrisco a dirigir.
porém, quando estou no banco de trás,
e nem me anestesio e nem dirijo,
sou só narciso,
e minha única preocupação
é gravar esse momento
e olhar para mim.
I.R.
sexta-feira, 22 de março de 2013
adeus às armas
Foto: Leo Bella
um dia, talvez,
os homens abandonem as armas.
nesse dia, sua honra e sua segurança,
serão medidas pela melodia que tocam,
e não pelos semelhantes que matam.
I.R.
quarta-feira, 20 de março de 2013
para quem precisa
Foto: Alberto Cardoso
quando o que há dentro de você
é ódio e desamor,
a primeira reação é inventar um inimigo.
só que o ódio cega,
o desamor nubla,
e é difícil ver que esse inimigo
é só uma projeção de uma cabeça doente
e de um coração estragado.
mas sempre há tempo para mudar.
há tempo, sim,
antes de morder a língua
e morrer com o próprio veneno.
I.R.
segunda-feira, 18 de março de 2013
ojos de gitana
Foto: Jose Pedroso
con ojos de gitana me mira fijo,
y casi como un espejo
le devuelvo la mirada.
pero no tan detenido,
no tan profundo...
la miro a la gitana,
con ojos de... qué se yo...
I.R.
sábado, 16 de março de 2013
rastejar
Foto: Cleber Pavão
toda lagarta rasteja
antes de um dia voar.
e nós, que não voamos,
podemos passar a vida inteira
nos rastejando,
sem conhecer a capacidade que temos
de nos parar
sobre nossos dois pés.
I.R.
quinta-feira, 14 de março de 2013
eu quero é sambar!
Foto: Levi Bianco
e ainda assim sermos completos.
podemos nos mostrar completos
e ainda assim nos faltar um pedaço.
porque nossa totalidade
não se mede em membros,
não se organiza em órgãos,
mas no tom que damos à vida,
no sabor que colocamos no existir.
I.R.
quarta-feira, 13 de março de 2013
feliz dia feliz
nem todos os dias terminam felizes,
alguns também não começam...
o mau-humor, a tristeza, a raiva do dia anterior
aquela que tira o nosso sono
e nos faz dormir mal,
afastam a alegria.
mas o dia começa
os segundos, os minutos, as horas passam,
porque tudo passa,
e a felicidade se constrói
(uma e outra vez, trinta e uma vezes).
não somos perfeitos,
mas em nossa imperfeição
podemos nos apoiar
e caminhar juntos,
podemos construir, todos os dias,
novas felicidades.
I.R.
alguns também não começam...
o mau-humor, a tristeza, a raiva do dia anterior
aquela que tira o nosso sono
e nos faz dormir mal,
afastam a alegria.
mas o dia começa
os segundos, os minutos, as horas passam,
porque tudo passa,
e a felicidade se constrói
(uma e outra vez, trinta e uma vezes).
não somos perfeitos,
mas em nossa imperfeição
podemos nos apoiar
e caminhar juntos,
podemos construir, todos os dias,
novas felicidades.
I.R.
terça-feira, 12 de março de 2013
amor em braile
Foto: Luiz Alfredo Ardito
os olhos não são nossa única porta
para viver o milagre da vida.
as portas convivem com as janelas,
com sacadas e varandas,
e aprendemos e apreendemos
com sentidos e sensações variadas.
ver é mais do que usar os olhos
e enxergar a si no outro,
e olhar o outro em mim
é observar a humanidade toda.
com os olhos ou com um bastão,
seria bom não correr para chegar na frente,
mas caminhar lado a lado,
livres, mas tão livres, tão livres...
a ponto de andarmos juntos pela mão.
I.R.
domingo, 10 de março de 2013
valor
Foto: Bhall Marcos*
nem causa de um suposto paraíso perdido.
nem perdição nem salvação,
nem perfume nem flor,
nem joia nem anjo nem demônio.
o valor de ser mulher se encontra
no mesmo lugar
do valor de ser homem.
mas neste mundo machista,
talvez seja complicado nos ver
apenas como humanos, de gêneros diferentes.
talvez seja difícil ver a mulher
sem idealizações infantis.
I.R.
* Modelo da foto: Lia de Itamaracá
sábado, 9 de março de 2013
castellum
Foto: Leila Medeiros B. Florencio
construímos castelos...
...de sonhos..., ...de cartas...
construímos castelos sobre a areia.
e guardamos o que não é necessário
em centenas de quartos.
cavamos fossos,
e nos trancamos na torre oeste,
a mais distante de todas,
onde colocamos um dragão
para impedir o nosso próprio resgate.
I.R.
quinta-feira, 7 de março de 2013
desencalhar
Foto: Luiz Carlos Silva
é...,
vencer o egoísmo,
sair do comodismo,
ajudar quem necessita,
amar os inimigos...
navegar é preciso,
mas primeiro o barco deve estar no mar
I.R.
quarta-feira, 6 de março de 2013
valium
adoradores do deus consumo
ou consumidores de um deus feito sob medida,
à imagem e semelhança dos próprios desejos.
o amor declarado a vida,
e a contradição na festa
ou no riso pela morte de um desafeto.
o afeto só pelos amigos, ou pelas máquinas.
o autoquestionamento deu lugar ao autômato.
o sonho não acabou,
mas o homem sabe como tomar um tranquilizante
para inibi-lo.
I.R.
ou consumidores de um deus feito sob medida,
à imagem e semelhança dos próprios desejos.
o amor declarado a vida,
e a contradição na festa
ou no riso pela morte de um desafeto.
o afeto só pelos amigos, ou pelas máquinas.
o autoquestionamento deu lugar ao autômato.
o sonho não acabou,
mas o homem sabe como tomar um tranquilizante
para inibi-lo.
I.R.
terça-feira, 5 de março de 2013
clássico e moderno
Foto: Kauane de Moraes
na ponta dos pés,
com pose de balé,
assim vivemos a vida.
o que não é claro para o espectador
é se nossos movimentos são voluntários
ou se somos marionetes,
controladas por alguém.
na ponta dos pés,
com pose de balé
e rodopios,
assim vivemos a vida.
o que não é claro para nós
é se os espectadores são voluntários
ou estão sentados como robôs
esperando um movimento no controle remoto
para remotamente fingir uma leve emoção.
I.R.
segunda-feira, 4 de março de 2013
sem destino
Foto: Marcelo Isidoro Alves
o destino é o acaso
que queremos acreditar como predeterminado.
não há nada escrito em nenhuma estrela,
e para escrever nossa história,
assumindo os papéis de produtor, roteirista
diretor e ator principal,
o melhor é não terceirizar o trabalho.
I.R.
domingo, 3 de março de 2013
silêncio
eu não posso descrever o silêncio
e também não posso mostrar como ele é,
em uma foto ou um retrato-falado.
não pensem que me refiro às buzinas,
aos motores,
ao barulho das descargas
ou ao latido dos cachorros,
pois me refiro a tudo isso,
e também à televisão,
à música, ao vento,
ao toque dos dedos sobre o teclado,
ao movimento incansável da boca
articulando milhares de palavras desnecessárias por segundo.
eu não posso descrever o silêncio.
eu não posso escrever ou reproduzir o silêncio.
o silêncio não é uma folha em branco
nem um espaço vazio
nem reticências num papel.
o silêncio não é o canto dos pássaros.
eu não posso descrever o silêncio,
eu não posso escrever o silêncio.
mas, por um instante, me silencio.
I.R.
e também não posso mostrar como ele é,
em uma foto ou um retrato-falado.
não pensem que me refiro às buzinas,
aos motores,
ao barulho das descargas
ou ao latido dos cachorros,
pois me refiro a tudo isso,
e também à televisão,
à música, ao vento,
ao toque dos dedos sobre o teclado,
ao movimento incansável da boca
articulando milhares de palavras desnecessárias por segundo.
eu não posso descrever o silêncio.
eu não posso escrever ou reproduzir o silêncio.
o silêncio não é uma folha em branco
nem um espaço vazio
nem reticências num papel.
o silêncio não é o canto dos pássaros.
eu não posso descrever o silêncio,
eu não posso escrever o silêncio.
mas, por um instante, me silencio.
I.R.
sexta-feira, 1 de março de 2013
em missão de paz
Foto: José Carlos Eustáquio
não importa se é em kombi bege
ou submarino amarelo,
importa sair por aí.
não importa sair por aí
em kombi amarela
ou submarino cor de burro quando foge,
se não for para espalhar flores.
só importa espalhar flores,
se esparramarmos estrelas,
se dispersarmos todas as cores,
e juntos difundirmos o amor.
I.R.
Assinar:
Postagens (Atom)