Foto: Vicente Sampaio
a vida já não se escreve na ponta do lápis,
mas na ponta do lapso.
o círculo do destino,
se existir,
não é anunciado com trombetas,
pois cabe a cada um abrir suas próprias asas
e alçar seus próprios voos.
somos como o sabiá que sabe
que a pessoa sábia
não é sabia pelo que sabe
ou pelo que sabia.
somos como os sabiás
que sentem que o saber
é sólido quando se sente o sabor do sol
e o calor da vida sobe por cada centímetro
do nosso corpo.
somos a existência
em cada lapso escrito
em cada sopro descrito.
a vida já não se escreve na ponta do lápis,
mas os sonhos e os poemas, sim.
I.R.