outubro, mansamente, termina
na véspera de todos os santos,
no dia de todos os monstros,
na antevéspera de todos os mortos.
outubro termina no dia da reforma,
e nos informa que novembro está aí,
pronto para entrar na avenida.
novembro também vai passar,
um pouco mais curto do que outubro,
um pouco mais rápido,
um dia mais acelerado,
para dar lugar a dezembro,
a grandes ceias, a grandes vendas
e à promessa de um ano novo melhor.
outubro mansamente termina
e nos lembra que o tempo às vezes flui
como as águas de um rio,
às vezes se estanca como
as águas de um mar.
I.R.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
a vida é mistério
se a vida não é um enigma, mas um mistério,
não há respostas para muitas de nossas perguntas.
por aqui andamos, nos relacionamos,
às vezes procriamos e
deixamos descendência,
até que um dia nos vemos no limite entre o estar
e o não estar, mas continuar sendo,
vivendo, talvez, os últimos momentos desse presente terreno,
mas continuar sendo,
e para continuar sendo
meu depois é o infinito.
e aqui no infinito que habita em nós,
mas onde ainda não habitamos
não vamos nos encontrar...
vamos ser.
I.R.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
ato de vontade
o ato de escrever é um ato de vontade,
assim como ler o que está escrito também.
é um ato de vontade cantar
e ouvir música e compor,
acordar, dormir, comer,
transar, não transar,
trabalhar, conversar,
enfim, viver.
viver é um ato de vontade
e deixar que a vida passe por nós sem vivê-la
também é um ato de vontade.
e a vontade é nossa,
apesar de insistirmos em
dizer que não vivemos como queremos
ou que a culpa das nossas escolhas é dos outros.
decidir é um ato intransferível,
tão intransferível como respirar,
e em nossos atos, nossas vontades,
talvez devêssemos ver que nosso eu
só é verdadeiro eu à medida que se relaciona com os outros.
I.R.
assim como ler o que está escrito também.
é um ato de vontade cantar
e ouvir música e compor,
acordar, dormir, comer,
transar, não transar,
trabalhar, conversar,
enfim, viver.
viver é um ato de vontade
e deixar que a vida passe por nós sem vivê-la
também é um ato de vontade.
e a vontade é nossa,
apesar de insistirmos em
dizer que não vivemos como queremos
ou que a culpa das nossas escolhas é dos outros.
decidir é um ato intransferível,
tão intransferível como respirar,
e em nossos atos, nossas vontades,
talvez devêssemos ver que nosso eu
só é verdadeiro eu à medida que se relaciona com os outros.
I.R.
domingo, 23 de outubro de 2011
não
talvez a palavra libertadora,
libertadora e definitiva,
realmente seja 'não'.
a negação consciente nos permite
iniciar o caminho da liberdade.
dizer 'não', não não dizer.
a boca aberta e o som emitido
de alguns fonemas articulados
como um passaporte
rumo ao compromisso com o desconhecido.
dizer 'não', como um gesto afirmativo,
afirmativo e libertário,
com a certeza de que já não corremos atrás da cenoura.
I.R.
libertadora e definitiva,
realmente seja 'não'.
a negação consciente nos permite
iniciar o caminho da liberdade.
dizer 'não', não não dizer.
a boca aberta e o som emitido
de alguns fonemas articulados
como um passaporte
rumo ao compromisso com o desconhecido.
dizer 'não', como um gesto afirmativo,
afirmativo e libertário,
com a certeza de que já não corremos atrás da cenoura.
I.R.
i.r.
por fora sou um homem que passa desapercebido,
1,75, magro, míope,
hoje com cabelo curto e sem barba,
dentes sem cáries, boca grande,
olhos e cabelos castanhos com alguns fios ficando brancos.
mas por dentro,
incomum como todo ser humano,
sou único.
mistura de curioso e preguiçoso,
professor, poeta,
filósofo (e também de bar),
um homem tímido,
casto, tarado, político,
profanamente religioso,
sério e palhaço,
aprendendo a ser 'duro',
sem perder a ternura jamais.
I.R.
1,75, magro, míope,
hoje com cabelo curto e sem barba,
dentes sem cáries, boca grande,
olhos e cabelos castanhos com alguns fios ficando brancos.
mas por dentro,
incomum como todo ser humano,
sou único.
mistura de curioso e preguiçoso,
professor, poeta,
filósofo (e também de bar),
um homem tímido,
casto, tarado, político,
profanamente religioso,
sério e palhaço,
aprendendo a ser 'duro',
sem perder a ternura jamais.
I.R.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
sermos
terça-feira, 18 de outubro de 2011
autogoverno
tomar as próprias rédeas
e saber-se senhor das decisões.
não se trata de sentir-se soberano,
mas de ser, de se saber
e de não transferir aos outros
o caminho que tomamos.
tomar as próprias rédeas
e puxar a própria rede.
I.R.
e saber-se senhor das decisões.
não se trata de sentir-se soberano,
mas de ser, de se saber
e de não transferir aos outros
o caminho que tomamos.
tomar as próprias rédeas
e puxar a própria rede.
I.R.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Nada
O nada, nada mais do que vazio,
É realidade nossa, aqui e agora,
A verdade que dentro é também fora,
Não termino, porque nem principio.
E o tudo é correnteza deste rio,
Que vira mar, amor, onde se mora,
Pois nada, sendo nada, é o que vigora
E só posso ser um se renuncio.
Mas não digo ao que devo renunciar,
Cada um tem seu próprio despertar
E descobre o momento em que está nu.
Só digo que os opostos não existem
E as ideias que em nós ainda resistem,
São só mera ilusão, falso guru.
I.R.
sábado, 15 de outubro de 2011
na fronteira
onde a natureza apenas pôs um rio,
o homem colocou uma fronteira.
é próprio do ser humano separar
para depois tentar unir.
onde antes tudo era um,
o homem tem de criar pontes
para imitar essa unidade perdida.
talvez um dia percebamos
que a natureza não cria fronteiras
e que o sol ou a lua
sempre aparecem para todos.
I.R.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
13... 14...
se alguém me disser
que eu sou eu e sou você
e você é você e também sou eu,
eu direi que isso é tão absurdo
quanto a que dois mais dois são quatro.
porque eu e você somos dois e somos um,
o tudo, o nada, o cheio e o vazio,
e em nossas imperfeições
fazemos com que um mais um também seja dois,
e seja três, quatro, cinco, seis...
matemática própria que soma e multiplica
usando as fórmulas da emoção.
I.R.
que eu sou eu e sou você
e você é você e também sou eu,
eu direi que isso é tão absurdo
quanto a que dois mais dois são quatro.
porque eu e você somos dois e somos um,
o tudo, o nada, o cheio e o vazio,
e em nossas imperfeições
fazemos com que um mais um também seja dois,
e seja três, quatro, cinco, seis...
matemática própria que soma e multiplica
usando as fórmulas da emoção.
I.R.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
na tenda
embaixo do céu armo minha tenda
pela primeira vez.
sem paredes grossas,
sem outro teto além das palhas,
dos galhos,
sem outro desejo que o de estar ali
e ser eu mesmo.
pois o que todos veem de mim
ou o que sabem de mim,
o que pensam,
o que esperam
e o que imaginam de mim
ainda não sou eu.
eu sou as paredes finas da minha tenda.
sou a minha tenda e o céu sobre ela.
sou as estrelas, o sol, a lua,
e a chuva que entre pelos galhos e molha meu corpo.
sou o que devo ser e não o que deveria.
I.R.
pela primeira vez.
sem paredes grossas,
sem outro teto além das palhas,
dos galhos,
sem outro desejo que o de estar ali
e ser eu mesmo.
pois o que todos veem de mim
ou o que sabem de mim,
o que pensam,
o que esperam
e o que imaginam de mim
ainda não sou eu.
eu sou as paredes finas da minha tenda.
sou a minha tenda e o céu sobre ela.
sou as estrelas, o sol, a lua,
e a chuva que entre pelos galhos e molha meu corpo.
sou o que devo ser e não o que deveria.
I.R.
terça-feira, 11 de outubro de 2011
ideal de poema
no dia em que eu puder
expressar ".............."
em uma página em branco,
sem palavra alguma,
não precisarei escrever mais nada,
nunca mais.
terei tocado o universo com as mãos.
I.R.
expressar ".............."
em uma página em branco,
sem palavra alguma,
não precisarei escrever mais nada,
nunca mais.
terei tocado o universo com as mãos.
I.R.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
no compasso do sorriso
quando o músico sorri
enquanto toca um violão
ou bate com força num tambor,
ele sabe que respira melodias,
que seu coração bate
numa cadência, num compasso,
e que seu sorriso
é um movimento muscular involuntário
de sua intimidade com o infinito.
I.R.
enquanto toca um violão
ou bate com força num tambor,
ele sabe que respira melodias,
que seu coração bate
numa cadência, num compasso,
e que seu sorriso
é um movimento muscular involuntário
de sua intimidade com o infinito.
I.R.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
exposição
terça-feira, 4 de outubro de 2011
Pedido capitalista
Sábado à noite, indo de ônibus a casa de um amigo, o jovem Santiago me diz:
- Papai, vamos de táxi.
Ao que eu lhe pergunto.
- Podemos ir, mas quem é que paga?
- Eu pago papai. Me dá dinheiro?
Foi o primeiro pedido de dinheiro e tenho certeza absoluta de que não foi o último.
Resumo da história: "Tô perdido".
I.R.
- Papai, vamos de táxi.
Ao que eu lhe pergunto.
- Podemos ir, mas quem é que paga?
- Eu pago papai. Me dá dinheiro?
Foi o primeiro pedido de dinheiro e tenho certeza absoluta de que não foi o último.
Resumo da história: "Tô perdido".
I.R.
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