terça-feira, 5 de outubro de 2010

Areias novas


Arte: Patrício Otero (Cierto Desierto)

A areia já não pode ser contida,
Crescem dunas, escondem-se caminhos,
E se os homens se sentem tão sozinhos
Talvez não saibam bem sentir a vida.

Eu também tive um' alma entristecida,
Sem ver na própria areia os seus carinhos,
Pensando ser vinagre tantos vinhos,
Sentindo-me faminto e sem comida.

Como quem vive a angústia da miragem
Por anos eu montei um personagem
Que agora eu desconstruo a peito aberto

E nesse mar de areia eu me descubro,
Sou forte, não me escondo, não me encubro,
Não preciso de oásis no deserto.

I.R.