segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Primeira carta para os leitores

Buenos Aires, 31 de dezembro de 2007

Prezados leitores,

Dirijo-me a vocês sem saber ao menos se vocês existem. Mas pensando que vocês podem ser reais, que podem estar agora com os olhos postos nestas linhas escritas por mim (já não produzidas com papel e caneta, mas digitadas com dois dedos no teclado de um computador) seria uma extrema falta de educação não lhes dizer umas palavras.

Antes de mais nada, gostaria de dizer que adoro escrever com papel e caneta. Principalmente nas passagens de metrô daqui de Buenos Aires. Elas são pequenas, minha letra é pequena, cabem os 14 versos do soneto sem nenhum problema e posso levar comigo para qualquer lugar. Mas para dizer a verdade, uma carta como essa não pode ser escrita em uma passagem de metrô, e de vez em quando é bom modernizar-se. Então, estou aqui com dois dedos no computador, escrevendo para quem me lê. Jamais consegui aprender a escrever num teclado com todos os dedos. Tentei numa velha Olivetti, ou era Remington, (sim, sim, sou do tempo das máquinas de escrever), tentei com meu primeiro PC, mas acabei desistindo, já que digito mais rápido com dois dedos mesmo... os dois médios (o que equivale aos dois pai-de-todos).

Falando em sonetos, confesso que cometi alguns. Não sei se sou poeta. Mas gosto de escrever. Acho que é uma boa maneira para me expressar, para dizer coisas nas linhas e nas entrelinhas, ou inventar histórias, criar rimas, e me divertir. Cometi meus primeiros poemas há quase 13 anos, e se ainda não os queimei, foi porque sempre guardei o desejo de recuperar algumas idéias contidas neles. Quem sabe um dia?

Estive vários anos sem escrever. Voltei há alguns anos, mas outros alguns anos depois fechei para balanço, situação na qual me encontro. Acredito que preciso me reciclar – idéias e forma. Até que, de repente, tive a idéia de publicar em um blog esses poemas que já tenho, não os de 13 anos anos atrás, que fique bem claro. Gostaria de tê-los lançado em um livro de... sim, claro, papel. Porém é caro, é difícil sem um patrocínio, sem um padrinho; e, sejamos sinceros, gente escrevendo tem aos montes, e a maioria é poeta. Eu não sei se sou.

E com a idéia do blog veio a idéia de escrever sobre qualquer coisa, em forma de carta. A carta é uma excelente maneira para me comunicar não só com o destinatário, mas com qualquer curioso que, não sendo meu destinatário, a queira ler. Sem falar que é uma maneira de voltar a colocar as minhas idéias no “papel”. Tá certo, sou meio obsessivo, mas isso é assunto para outra carta.

Então leitores, por enquanto é isso. Boa leitura, e feliz 2008.

I.R.