quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ungida Cheia de Graça

20.
irmã,
princesa esquentada de ébano,
muitas felicidades,
muita força de vontade,
muita calma,
muita tranquilidade,
e, no seu caso, principalmente,
muito juízo.

I.R.

Espero que você já não chore com essa música como quando era criança. :-)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Décimo-nono bilhete para um world músico

Buenos Aires, 29 de abril de 2009

Prezado,

tenho um fraco por grupos que fazem de sua música um verdadeiro caldo com os mais variados ingredientes. Não sei se você conhece estes 'cozinheiros' que misturam cumbia, rumba, dub, rock e o que mais pintar pela frente, a começar pelo nome, La Troba Kung-Fú. Se não conhece, aqui estão:



Para os que falam catalão e também para os que não falam...



Um abraço,

I.R.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Bastão de Combate

32.
meus parabéns e todo o resto que se diz num dia como hoje...
muitas felicidades
muita saúde
muito trabalho
muito dinheiro
muito sexo (para a alegria da Ousada)
muita alegria
muita praia
muito pôr-do-sol
muita cerveja
muita carne-seca
muita barriga
enfim, muitos anos de vida pra viver tudo isso e muito mais.

I.R.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

no corredor

a porta fechada
a janela aberta do outro lado da porta
o muro baixo
a cerca eletrificada de arame farpado
o que foi insinuado
demonstrado, entrelaçado nas linhas da mão
o que continua trancado
e a pretensão de ter dito ou visto ou feito tudo

I.R.

domingo, 26 de abril de 2009

Também velhos

Anteontem morreu Sixto Palavecino.

Isso me fez lembrar de outro lugar-comum. Os bons morrem antes ou Os bons morrem jovens.

Só se falarmos dos poetas do segundo período romântico brasileiro, a máxima é verdadeira, já que o mais velho morreu com 34 e os outros com 21 ou 23.

Mesmo falando de música e citando gente como Jimi Hendrix, Janes Joplin, Kurt Cobain, Jim Morrison (mortos antes dos 30) Cazuza, Mozart e Renato Russo e Cássia Eller a máxima não é válida. B.B. King tem mais de 80. João Gilberto tem mais de 70. Os Stones, Caetano, Gil e Bethânia, entre outros, caminham para lá, isso sem falar nos que já morreram, e morreram velhos.

À terceira idade da música, meus respeitos. A Don Sixto,morto aos 94 anos de idade, minha primeira homenagem.



I.R.

sábado, 25 de abril de 2009

Ofício, obsessão, repetição ou vício

Dizer-se com a mente em branco e sem inspiração ou assunto para pôr no papel ou no blog é um lugar comum entre os que escrevem. O que talvez ninguém perceba é que repetir-se também é.

Constantemente nos repetimos, reeditamos ideias. Muitas vezes mudamos o ângulo de visão, é verdade, mas batemos nas mesmas teclas como forma de afirmação, autoconvencimento, problemas psicológicos, obsessão ou real falta do que escrever.

Talvez seja isso o que marca a consistência de uma obra. Acontece que não tenho uma obra, e se tenho, deve ter sido embargada desde o início e ainda não me disseram que trâmites tenho de fazer para autorizá-la. Então, se não tenho uma obra, por que também me vejo, me leio, repetido, autocopiado?

Bem, com certeza é melhor autocopiar-se do que plagiar, e muito melhor do que copiar e colar, prática comum entre escritores ou pseudo-escritores atuais. E se a repetição de ideias, a reedição de temas, o voltar uma e outra vez ao já discutido, mexido e remexido, servir para acrescentar pelo menos um quase nada, pode ser que já tenha valido à pena.

Eu tenho os meus assuntos preferidos. Não pretendo enumerá-los. Não tenho motivos para dizer quais são nem para fazer uma autoanálise. De vez em quando uma autocrítica e olhe lá.

Repito, não tenho uma obra, mas não acredito na crítica feita pelo mesmo que escreve. Acredito, sim, que escrever não é para todos. Eu não sei fazer um armário de madeira, com um trabalho delicado de decoração nas portas. Eu não sei fazer uma instalação elétrica. Eu não posso jogar nem 5 minutos de uma partida de futebol. Por que todo mundo poderia fazer um poema? Por que somos todos escritores, se não somos todos marceneiros, carpinteiros, eletricistas ou jogadores de futebol?

Tenho minhas obsessões. Tenho minhas reservas. Tenho vontade de não terminar esse texto ou que ele se autotemine e se autodestrua em 5 segundos.

I.R.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Հայոց Ցեղասպանութիւն - Bilhete para o meu filho

Planeta Terra, 24 de abril de 2009

Meu filho,

Ter correndo nas veias uma grande dose de sangue armênio significa mais do que quilos de baclavá, finiquiá, charutos de repolho ou folha de parreira, bastermá e outras delícias da culinária dos seus bisavós.

Ter sangue armênio é mais do que possuir um sobrenome terminado em IAN para dizer-se parte da grande diáspora armênia.

Ter sangue armênio, meu filho, é nascer com um compromisso. O compromisso de lutar contra o preconceito, o de brigar pela liberdade, pelo direito dos povos, das pessoas. Ter sangue armênio é aprender sobre o Genocídio de 1915, é não calar-se frente às injustiças, é lutar por um mundo para todos, é praticar a paz, e viver para que o ódio nunca prevaleça.





Um beijo do seu pai,

I.R.

PS: Até que a Turquia reconheça a sua responsabilidade, ter sangue armênio também é lutar por esta causa.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

acesso de crise

o espelho que quebro com minhas mãos
é a negação do que não sou
é a frustração do que poderia ter sido
jamais concretizada

a crise, a ira, a vontade de bater,
de destruir,
me autodestruir,
de mutilar a minha pele
de arrancar a minha carne,
são o espelho em cacos
que não mais existe na minha frente.

o rivotril alivia,
mas preciso de mais ajuda
pois quando colarem o espelho
ainda será essa imagem
distorcida a que verei.

a mesma imagem... ou quase,
com os punhos cortados
e a mesma vontade de ser quem não sou.

I.R.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sobre o feriado de Tiradentes

Para quem diz que o brasileiro só gosta de quem ganha, de quem faz sucesso, de quem é número 1, o feriado de hoje é um contrassenso.

Afinal, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, considerado o mártir da independência, é o homem de um movimento fracassado, de uma independência que não aconteceu, e que só se tornou herói porque a República não podia enaltecer o "sujeito" do Grito do Ipiranga, afinal, ele era um príncipe.

Hoje, 217 anos depois do seu enforcamento e posterior esquartejamento, não importa se Tiradentes foi um 'loser' ou 'o cara', o que vale hoje é que é feriado, dia de ficar de pernas e papo para o ar... se bem que morando em outro país isso não vale muito.

Bem, vou à luta, afinal tenho de manter a cabeça e o resto do corpo no seu devido encaixe.

I.R.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Bilhete para Roberto Carlos

Buenos Aires, 20 de abril de 2009

Prezado Rei,

ontem havia uma data mais importante que precisava ser lembrada por este blog. Acabei deixando para te dar os parabéns hoje. Muitos o acusam de brega? Eu não o acuso. Sei que muitas vezes você é, mas mesmo assim gosto de alguns dos seus sucessos.

Longa vida a Robertus Carlus!



Um abraço,

I.R.

domingo, 19 de abril de 2009

mas agora eles só tem o dia 19 de abril

nas minhas veias também corre esse sangue,
essa seiva de Pindorama.

nas minhas veias,
o amargor da derrota
e a amargura de saber
que a resistência não resiste
à conversão.

Tupã está em coma,
e Nosso Senhor está à espreita,
pronto para ocupar o altar.

I.R.




sábado, 18 de abril de 2009

escolha e utopia

escolho acreditar que é possível
vivermos
num mundo mais justo
menos competitivo
onde as disputas
acabam em celebração
e as festas são para todos

escolho acreditar
na integração das pessoas
no respeito
na vida

escolho a provável utopia
de um mundo mais divertido
onde a justiça não é cega
mas sabe olhar para todos com igualdade
e a certeza de também ter sido
convidada para a festa.



I.R.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

o dedo anelar da mão esquerda

o dedo anelar da mão esquerda cortado na ponta
incomoda
sangra
e pinta de vermelho a minha pele.

pratico o autovampirismo,
alimento meu lado Lestat
e só não fujo do sol
porque o alho comido na noite anterior
jogou por terra todas essas crendices.

o dedo anelar da mão esquerda,
esse com uma aliança de ouro branco
que tiro quando estou em casa,
tinge de vermelho
a minha mão
cortando minha inspiração,
aumentando a minha transpiração
e me deixando à beira de um ataque de fúria ou de nervos.

um dedo, a parte pelo todo,
o dedo, a mão, o braço,
o peito, as pernas, o pau
a cabeça, os olhos,
e os caninos que não param de crescer.

I.R.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Bilhete para um dengoso

Buenos Aires, 16 de abril de 2009

Em que os governantes estavam pensando quando não iniciaram há mais tempo um trabalho de combate à dengue? Um trabalho que começa com a educação, sobre o que é, como se transmite e, principalmente, como se evita. A prevenção é o melhor remédio.

Sou a favor dos planos sociais. Acho que, quem não tem trabalho, (e normalmente se não tem, não é porque não quer) tem que ter o acesso à alimentação garantido. Comer é um direito. Agora, me pergunto... são necessários agentes de saúde no combate à dengue. Será que não seria de mais respeito pela dignidade humana capacitar quem recebe esses planos para trabalhar no combate à dengue, ao invés de simplesmente dar o dinheiro e lavar as mãos para todo o resto?

A Bolívia enfrenta problemas com a dengue. O Paraguai enfrenta problemas com a dengue. O Brasil enfrenta problemas com a dengue? O que as pessoas pensavam aqui, que por que o mosquito não tem passaporte ou credenciais diplomáticas não ia atravessar á fronteira?

Com um inseticida na mão... um abraço,

I.R.

terça-feira, 14 de abril de 2009

revoada de andorinhas

quando nasci
uma revoada de andorinhas
cagou na praça da minha sorte
e cantou
vai poeta, ser tolo na vida.

meu verbo é tive
ou suas versões negativas
não tive
nunca tive
jamais tive
não tive nunca.

nunca tive DINHEIRO
MAS ALGUM DIA TIVE trabalho
jamais tive um AMOR
MAS SEMPRE TIVE sexo (desde que pagasse)
não tive nunca uma SAÚDE PERFEITA
MAS JÁ TIVE dengue, caxumba, catapora,
pneumonia, leptospirose e ameba.
venérea nunca tive. só um filho
que não conheci.
não tive coragem de assumi-lo.

jamais tive amigos
não tive nunca um bom desempenho escolar
não tive categoria para o futebol
nunca tive uma casa
moro de favor

sou de bonsucesso,
mas o fracasso
é o marcapasso
que as andorinhas me trouxeram no verão.

I.R.

domingo, 12 de abril de 2009

roda da fortuna

há tanto por dizer,
por escrever, por fazer,
por comer,
por amar, por olhar,
por viver,
por fugir, por me iludir,
por me enganar,
por brincar,
que uma encarnação é pouco.

feliz e livre não é o homem
que satisfez os seus desejos,
mas o que não tem desejos.

e quem disse que sou feliz?
e quem disse que sou livre?
e quem disse que quero ou pretendo ser
algo mais do que penso que sou...

um insatisfeito, um adorável insatisfeito,
um homem incompleto,
cercado de seres incompletos
um pecador que não crê muito no pecado,
mas na falta de respeito,
na falta de amor,
um homem com o coração cheio de amor
mas que não quer ser livre,
apenas feliz.

os desejos são muitos
e a vida é curta.
uma vida é pouco para desejar demais.

tenho certeza de que
voltaremos a nos encontrar.

I.R.

sábado, 11 de abril de 2009

varanus komodoensis

quando dormi
e vi que tinha me transformado
em um dragão,
não me assustei.

passei a língua gosmenta
pela cara,
limpei meus olhos,
caminhei como um lagarto...

livre.

quando acordei
ainda como dragão
não senti nada
além de um leve desconforto,

pois o dragão de komodo
não se sente cômodo
com o odor da sua baba.

então quase sem respirar
fui em busca de algum humano,
de preferência fresco,
para morder e envenenar com minha saliva.

I.R.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Carta para um pedreiro

Buenos Aires, 09 de abril de 2009.

Prezado pedreiro,

Se alguém entrar em contato com você para certo tipo de trabalho, por mais que a crise seja grande e o trabalho realmente esteja em falta, diga não. Aceite construir edifícios, escolas, casas, cinemas, teatros, e um longo etc. Mas não aceite construir muros.

Não sei quando foi construído o primeiro muro com o fim de segregação. Fique claro, não falo de muralhas como as da China ou a de Jericó que tinham como função defender uma população de invasões estrangeiras, mas falo dos muros que procuram “defender” os ricos dos pobres, do que procuram mostrar aos inferiores militarmente que eles não têm direito a um Estado próprio, daqueles que indicam a sua condição social, dos que são construídos com base na mentira em que é necessário defender a ecologia. Falo dos muros da vergonha, dos que separam ideologias e isolam famílias, amigos, dos que mostram que os fortes realmente pouco se importam com os fracos.

Aqui na Argentina, na grande Buenos Aires, o prefeito de San Isidro, município famoso pelos seus mauricinho e suas patricinhas (isso não significa que todos seja assim), quer construir um muro para separar o seu município do vizinho, San Fernando. O limite entre os dois município é marcado pelo contraste econômico e social. É mais fácil construir um muro do que pôr em prática um projeto de políticas públicas que aumente o emprego, que invista em educação.

No Rio de Janeiro, o governo quer cercar as favelas, em nome da proteção à mata, para que as favelas não continuem crescendo sobre a vegetação que ainda resiste. Um muro “ecológico”. Mentira. É mais fácil construir um muro e segregar os “favelados” do que executar um projeto real de urbanização das favelas, de postos de trabalho para os seus moradores.

Nos EUA, o muro foi construído na fronteira com o México, para impedir que os mexicanos (e outros pobres) “invadam” o território americano, norte-americano, estadunidense, chame como quiser. Preciso fazer algum comentário?

Em Israel, o muro é para separar os palestinos “terroristas” do verdadeiro povo de Javé. A quem importa se famílias são separadas ou se pessoas têm dificuldades para chegar a seus trabalhos ou se são tratadas como seres humanos de segunda, não é mesmo?

Bem, amigo pedreiro, é isso. Boas construções, mas nada de muro. Eles discriminam, separam e “legitimam” a desconfiança, o medo e nunca são solução, apenas mais um tempero ao problema.

Aos muros, as marretas!

Um abraço,

I.R.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Décimo-oitavo bilhete para um world músico - Bhangra na veia!

Buenos Aires, 08 de abril de 2009

Prezado,

não sei se você tem acompanhado a novela das 8 que começa às 9, mas que na Globo Internacional começa mesmo às 10, quando não às 11 por causa dos horários impostos pelo canal, mas parece que o bhangra está colocando pelo menos o nariz para fora. E o pessoal, como adora pagar um mico, arrisca cantar a música de abertura da novela nos karaokês, numa espécie de "embromation" com línguas ou dialetos do Punjabi.

Confesso que escutei o bhangra há alguns anos, quando estava no auge da procura por novos sons, por músicas diferentes. Não sou um especialista, você já sabe, mas me deparei com um ritmo variado. Algo como: o bhangra está para o Punjabi, como o samba está para o Rio. É a música que o identifica e você o encontra em diferentes versões, desde a menos misturada com elementos de fora, até a total fusão.

Uma espécie de drinque feito com hip-hop, house, pop, reggae, percussão, cantado num idioma impossível de se pescar uma palavra. E como tem muitos indianos e descendentes de, na Inglaterra, o bhangra moderno não é exclusividade do Punjabi.

Esse bilhete está ficando grande, não? Mas não importa. Como sempre, é difícil escolher o que colocar como representante do ritmo, mas acho que você já aprendeu que o critério é completamente pessoal.



É comum termos um autonomeado rei de algo. O bhangra também tem a sua majestade.



Diretamente da Inglaterra:



Um abraço,

I.R.

terça-feira, 7 de abril de 2009

périplo

o gato preto serve como guia
na proposta de não perpetuação.

a pele preta,
o pelo preto
pela pele preta,
a ânsia de apertar
o pomo, premeditando o inevitável

o gato preto por perto,
a pele preta pelo caminho
como guia para o prazer

o ponto de interrogação,
as aspas, os arpões
prontos para pegar o gato,
um gato preto,
um gato por perto

e a probabilidade de apontar o improvável.

I.R.

domingo, 5 de abril de 2009

tempestade no deserto

no meio dos meus olhos há um saara,
um atacama que me ataca a vista
e me faz ver que
não há oásis, não há palmeiras,
não há camelos nem beduínos.
não há miragem.
há um gobi no meio dos meus olhos,
um sahel,
que enche minhas pálpebras de areia.

I.R.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pelé ou Maradona?

Sou brasileiro.
Moro na Argentina.
E não entro na discussão de quem foi melhor, Pelé ou Maradona?

O melhor, sem sombra de dúvida, foi ele, Mauro Shampoo - Jogador, Cabeleireiro e Homem.



Curta-metragem: Parte 1, Parte 2, Parte 3

Agora, voltando a Pelé e Maradona, além de terem sido excelentes jogadores, e de serem ambos, como diria Romário, filósofos com a boca fechada, o mundo artístico poderia colocá-los enfrentados mais uma vez. Afinal, quem canta pior, quem desafina mais, quem é mais cara-de-pau ou tem menos medo ou senso do ridículo?





E que vença o pior!

I.R.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

aurora austral

ele, ontem,
mudou de astral.

alguém que nunca foi ostra,
mas que também não era astro
foi embora montado na cauda de um cometa
deixado em sua porta pelos que agora o santificam.

homem. e como tal, virtuoso e defeituoso,
seu julgamento entra para a história,
assim como seu pacto;
o fortalecimento das instituições
tanto quanto o dragão da que é hoje maquiada; a inominável

homem de cara limpa,
jamais precisou pintá-la
para atingir seus propósitos,
mas pela cara suja de alguns,
e para manter viva a que renascia,
foi obrigado a ceder. estrela cadente.

obediência devida. ponto final.

meses antes, o cetro muda de mãos.
ela, a renascida, sobrevive,
e dá à luz a um câncer que pilhará o que puder. ele, o inominável.

agora já não se pode voltar atrás.
podemos ver nos livros, na tv,
os reflexos na própria carne,
e que o passado nos ajude a que o futuro não seja igual.

vá em paz. a casa não está em ordem.
mas fique tranquilo. talvez não seja seu destino estar arrumada.

I.R.